Symmetry

Duas faces da mesma moeda.

David Fonseca, Fnac, Norteshopping.

Quero isto. Desejo isto. Tenho medo de nunca lá ch...

Pudesses tu entender...

This game...is over.P. S.: E onde é que eu fico no...

The Juliana Theory - Shotgun SerenadeYou're just a...

José Luís Peixoto - Antídoto

"Por vezes, ponho-me a pensar: será possível que u...

How do you know when to let it go?

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domingo, outubro 30, 2005

Devaneios...

Todos têm planos... Convites... Vontade de sair... Uma agenda completa que não permite "tempo desperdiçado"... Todos os minutos devem ser aproveitados utilmente... Nunca estão sozinhos... Arranjam sempre gente para os acompanhar na corrida do dia-a-dia... Nem têm tempo para pensar no que fazem... "Ainda bem", digo eu... Senão, todo o tempo do mundo passaria a ser demais... "O que fazes hoje à noite?" "Nada." "Vamos tocar um café!" "Não me apetece." "Porquê? Ia-te fazer bem!" "Não quero." "Mas porquê, estás mal disposta? Ou não queres estar com a malta? Podes ir só comigo!" "Já disse que não quero. Simples. Não quero." "Não percebo." "Não tens de perceber. Limita-te a aceitar." "Ok, depois não te queixes de ninguém te convidar para nada." "Não me queixo, não te preocupes."
É noite... Estão todos a dormir, ou algures perdidos no meio da cidade, a "aproveitar a vida"... A casa está silenciosa e vazia... Os recantos mais escuros parecem esconder algo maléfico... Acendo as luzes todas, com medo... Mas o silêncio mantem-se... Nenhum sinal de vida... Recosto-me na cadeira e observo o monitor... Nenhum sinal de vida... Evito olhar para mim própria e pensar se haverá algum sinal de vida... Abro e fecho os olhos, cada vez mais frequentemente, o cansaço a vir à tona... Cansaço de quê? De viver durante 14 horas? Penso numa conversa durante o dia, penso num estado de espírito e tento não exagerar na importância que lhes dou... Na maneira como exagero umas coisas e deito abaixo outras... Na maneira como tento ignorar tudo o que se passa à minha volta e não me deixar afectar pelo facto de me sentir sozinha, de me isolar, de querer companhia... "Tens de ser forte", dizem-me aqueles que sabem... "You'll be ok?" "Sure... I'm always ok..." Que mentira... Que falsidade... Fazer crer aos outros que estamos bem, de maneira a não termos de falar do que não queremos, evitar a proximidade, a confidência, a estupidez do contar coisas não importantes. A estupidez de demonstrar necessidade. A estupidez de nos sentirmos inúteis, magoados, usados, revoltados, quando tudo deveria ser um grande e absoluto "não importa"! Em vez disso, é um vazio de razões, misturado com uma tempestade de emoções. Olho ao espelho e odeio-te. Odeio o reflexo, odeio o que sou, o que penso, o que sinto, a maneira como vejo as coisas. Odeio como me relaciono com as pessoas, odeio como me tratam, odeio sentir-me ausente deste mundo. Adoro a escuridão, o vazio total, a ausência de tudo dentro de mim. Apagar-me. Apagar-te. Apagar-vos. Não chorei. Nem vou chorar. Não merece. Nem sei porque choraria. Não perdi nada, uma vez que também já não tinha nada. Tudo o que uma vez possuí, já o perdi há algum tempo. Nada a perder. Nada a oferecer. Nada a mostrar. Queres entrar? Aqui? Neste meu mundo? Nesta vida feita de gargalhadas, sorrisos, tristeza, lágrimas, preocupação, interesses normais? Estás preparado para o outro lado? Aquele que não te vou deixar ver? Aquele que, mesmo que deixe ver, não vou permitir que participes e contactes com ele? Preparado para a contagem? Porque é disso q se trata. Não tenho 19 anos. Tenho menos 19 anos de vida. Tic, tac, tic, tac. Deixas que te abrace, assim, por um bocadinho? Não precisas de dizer nada. Simplesmente abraça-me. Dá-me motivos para me sentir viva. Para dar valor às coisas. Dá-me qualquer coisa que mude o meu mundo. Que mude a contagem. Sinto-me velha e gasta. Sem vontade de conhecer coisas novas. De usar os conhecimentos que já tenho. Aprendo com os erros. Com alguns pelo menos. Bastantes. Abraça-me e depois vai-te embora. Não fiques. Isto não é sítio para alguém ficar. Ninguém pode, nem quer ficar. Não penses em ajudar-me, independentemente do que eu disser. Se te pedir ajuda, ignora e segue o teu caminho. Não podes ajudar. Se te parecer desesperada, dá-me dois estalos, manda-me ao chão, magoa-me, e eu voltarei a ficar fria e vazia. Mas não me dês esperanças de ajuda se depois me vais abalar. Não me faças nada se não queres nada de mim. Simplesmente deixem-me só no meu canto, com o meu relógio, a minha cama, a minha música, eu vivo a minha vida em sonhos, em filmes mentais, contos de fadas e histórias de embalar... Não voltes para me magoar outra vez... Vai-te embora com um sorriso e um "adeus" e, se quiseres voltar, volta. Mas não me deixes cair mais. Sabes como odeio sentir-me frágil...
Reflections in the Mirror