Contradições?
http://abarcadelyra2.blogspot.com/2005/06/preso-um-momento.html (obrigada Lyra)
Acordas todos os dias. Abres os olhos, moves-te, mas não vives. Agarras-te à sombra fina que te cobre a pele. À noite, nas noites longas, intensas, fechas os olhos mas não dormes. Não consegues. Não sabes onde ficaste. Onde raio está tu, apesar de te poderes tocar. Respiras apenas. Procuras o tal sorriso que te devolva o ser. Numa procura cortante. Aproximas-te e foges. Não podes deixar que te toquem. Tornar-se-ão pequenos nadas também. "Não me procurem". Secaste. Nada tens para dar. Nada. As palavras dos outros tornam-se ruidosas demais. Calas. Em cada esquina escondes-te. Em cada lugar teu fechas-te. Morres-te-te. Sabes disso e escondes-o por detrás do sorriso que nem o teu rosto já consegue desenhar. Gritas. Em gritos que te ferem a garganta de os deixares por lá morrer. Nada! Já não importa nada! Soltas o cabelo que te caiem pelos ombros e sempre te tapam o rosto. Já não precisas dele. Do rosto. Está cansado!
Com uma atenção fora do comum, viu-a inclinar-se carinhosamente sobre si, limpar-lhe a lágrima teimosa do canto do olho, sorrir e sussurrar "Já passou..." Fechou os olhos por um minuto, querendo guardar para sempre aquele momento na sua memória. Quando os abriu, sentiu um leve aflorear na fronte, uma espécie de beijo de uma fada, tão leve, mas tão sentido. Sorriu também. E, finalmente, adormeceu em paz.
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