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quinta-feira, agosto 25, 2005

Fecho os olhos, porque não quero ver. Não quero ver a realidade formar-se de novo diante destas íris cansadas. Quero manter-me sempre afastada deste sítio a que chamam casa, da confusão da cidade, da simples pressão do oxigénio sobre os meus pulmões asfixiados. Quero fugir para a Neverland, ou talvez limitar-me a um qualquer conto de fadas, onde tenha sobre mim um céu infinito, atrás uma extensão de floresta e diante de mim o mar. Já não me aflige a solidão. Não me afligem estas quatro paredes brancas que me ferem os olhos. Não me aflige que me vejam chorar. E muito menos que me vejam com o negro que cobre o meu coração. Estou cansada e farta de me preocupar. Farta de esperar uma ajuda que nunca vai chegar. Farta de abrir a boca e nem um sussurro me sair. Farta deste olhar triste, deste olhar de merda que ninguém parece compreender. Este olhar que me mata através do reflexo no espelho. A transbordar de dor. Sempre. Feridas abertas. A sangrar constantemente. Fecho os olhos, porque não quero ver. Não quero, não quero ver, não quero ouvir, não quero sentir nada! Quero regressar ao meu mundo, à apatia, ao desfrutar dos dias sem pensar em nada, sem sentir nada senão o terrível e assombroso prazer de respirar aquele ar, de ver aquelas cores, de sentir aquelas texturas. Hoje quero simplesmente adormecer como se me levassem daqui. Nem vou impedir as lágrimas que correm. Já nem me dou ao trabalho de as limpar. Fazem parte de mim, daquela parte mais negra que só dá de si de vez em quando, como hoje, como ontem, como todos os dias. Quase ninguém as vê. Nem tu. Só aqui, num sítio onde te guardei, me olhas como se fosses um reflexo do meu próprio olhar e vejo em ti a paz e o medo. O amor e o ódio. Foste tudo e não foste nada. Mas já não importa. Hoje, só hoje, admito que a escuridão me apanhou e que não me importa, porque é nela que quero viver, à minha maneira. Envolver-me nela já não é de modo algum tenebroso, mas sim levemente acolhedor. Mas fazes-me falta aqui, a meu lado. Fazem-me falta as tuas lágrimas, os teus olhos, as tuas mãos que me limpavam a face e me faziam sorrir. Sinto falta de limpar as tuas próprias lágrimas e de te embalar no meu colo. Mas já não importa pois não? A escuridão tomou posse dos meus olhos e agora, as minhas lágrimas são negras como carvão, como o meu coração. E só queria fechar os olhos e não ver. Mas vejo tudo.
Reflections in the Mirror