Junkie - Melvin Burgess
Houve um longo silêncio e depois ele disse esta coisa com piada: - Dente-de-leão.
Fiquei a olhar para ele, aquilo era tao fora de contexto. - Que é que isso quer dizer?
Ele abriu uma coisa parecida com um sorriso e encolheu os ombros; eu sorri de volta porque compreendi...
Ele tinha-me dado uma pintura que tinha feito de um dente-de-leão. Era uma imagem bonita. Não sabia o que dente-de-leão significava para ele, mas sabia o que estava a querer dizer. Estava a dizer que ainda me amava, mesmo que...
Eu queria dizer-lhe qualquer coisa... que lhe expressasse que gostava tanto dele, mesmo que não o amasse. Não podia dizer dente-de-leão, por isso disse: - Joaninha - veio-me à cabeça, foi só.
Ele riu-se e perguntou: - Porquê joaninha?

Ele riu-se e perguntou: - Porquê joaninha?
- Porque são bonitas - respondi-lhe -, toda a gente gosta delas, e são agradáveis e vermelhas... - ele começou a beijar-me a boca.
- ... e porque gostam de dentes-de-leão. Muito. - Toquei-lhe no nariz com a ponta do meu dedo, como se estivesse a reprendê-lo.
O Tar sorriu e acenou.
- ... e porque gostam de dentes-de-leão. Muito. - Toquei-lhe no nariz com a ponta do meu dedo, como se estivesse a reprendê-lo.
O Tar sorriu e acenou.
- Dente-de-leão.
- Joaninha.
- Dente-de-leão.
- Joaninha.
E eu amei-o de verdade naquele instante, mais do que a qualquer pessoa, mesmo que de manhã já toda essa sensação tivesse acabado.
Ele beijou-me na boca e enrolámo-nos o mais compridamente que conseguimos.
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