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sábado, junho 11, 2005

Amor

- Estás bem?
- Sim, estou óptima.
- Então o que se passa contigo? Porquê esse olhar?
- Falta-me algo.
- O quê?
- Algo.
- Posso ajudar?
- Não.
- Porquê?
- Porque não sabes o que é.
- Diz-me.
- Não.
- Porquê?
- Porque não sei.
- Não sabes o quê?
- O que falta.
- Deixa-me ajudar-te.
- Não posso.
- Mas porquê?
- Porque não vais conseguir e vai doer ainda mais.
- Dói-te agora?
- Dói.
- O que é que te dói?
- Dói saber que ninguém me pode ajudar. Dói ser assim. Dói estares aí. Dói não estares.
- Deixa-me ajudar-te. Deixa-me caminhar a teu lado.
- Não.
- Porquê?
- Porque nunca me terás. Porque por mais que goste de ti, nunca me terás. Porque mais cedo ou mais tarde, vais acabar por te ir embora.
- Não. Não vai ser assim. Vai ser diferente.
Sorri.
- Porque sorris?
- Porque és um querido.
- Gosto de te ver sorrir.
- Mesmo que seja um sorriso falso?
- Tu é que os tornas falsos. Não penses tanto. Sente.
- Deixa-me.
- O quê?
- Deixa-me sozinha. Vai-te embora.
- Porquê?
- Porque não percebes que não é diferente.
- Mas porquê?
- Falta-me algo.
- O quê?
- Aquilo.
- Aquilo o quê?
- Aquilo que já tive e que deixei de ter. O que já fez parte de mim, mas que desapareceu. O que se perdeu no tempo.
- O quê?
- Não sei.
- Quem sabe?
- Ele.
- Ele quem?
- Ele que me perdeu. Ele que eu perdi. Ele.
- Onde está ele?
Chora. - Em todo o lado. Em nenhum. Aqui. Ali. Não está. Dói.
- Porque dói?
- Porque depois dele veio o vazio. Falta-me algo.
- É ele que te falta?
- Não... É o nós que me falta.
- Já sabes o que te falta?
- Não.
- Não percebo.
- Ninguém percebe.
- Queres que te deixe sozinha?
- Não. Fica.
- Deixas-me ajudar-te?
- Não podes. Mas fica. Não quero ficar sozinha.
- Tu já estás sozinha. E só o estás porque queres.
- Cala-te. Não percebes, não vês? Não me podes ajudar. Ninguém me pode ajudar.
- Não pode porque não queres ser ajudada.
- Vai à merda.
- Não quero. Quero ajudar-te. Quero-te ver sorrir.
Chora.
- Não chores.
- Não consigo.
- Eu fico aqui.
- Não, não ficas. Mas não tem mal.
- Não?
- Não. Porque eu também não fico.
- Um dia vais-te arrepender.
- Eu já estou perdida. Não posso perder mais nada.
- Amo-te.
- Não digas isso.
- Porquê?
- Porque não deves. Porque não quero que me ames.
- Porquê?
- Não percebes?
- O quê?
- Falta-me algo.
- Mas o quê?
- O amor.
Reflections in the Mirror