Adeus. Um dia, voltarei a ser feliz.
Carta para Anonymus:
Acabei de me aperceber que nunca corri para ti feliz, de braços abertos. Estranho, não é? A cada dia que passa, sinto algo a crescer dentro de mim. Algo que não é necessariamente bom. Sinto-me esquisita. Abandonada a mim própria. E a raiva continua a borbulhar, queimando-me interiormente. Devia ter-te dito adeus naquela noite de queima. Não disse. Mas devia. Digo-te agora. Agora, em que provavelmente ainda vou ter de te ver mais uma vez antes de desapareceres definitivamente da minha vida. Imagino vezes sem conta o diálogo na minha cabeça. Imagino o meu ódio a brotar dos meus olhos, com laivos avermelhados. Tal e qual num filme. Aposto que me acusarias. Dirias que tens mais motivos para me odiar do que eu a ti. Talvez. Na tua perspectiva, sim, claro. Mas na minha, apenas te digo uma coisa. A situação foi criada pelos dois. Ambos temos motivos, razões, o que seja. As minhas, são simples. Tentei ajudar-te e vi-me engolida para esse tal sítio/estado de espírito a que chamas "buraco". Tentei lutar e apenas vi alguém que não me aceitava tal como eu era, tal como me tinha transformado. Vi alguém que lutou anos para me mudar, para me tornar na pessoa que era antes. Essa pessoa não existe. E isso, é graças a ti. "Os sonhos mantêm-se, as pessoas é que mudam". É um lugar rotativo. Talvez te tenha escondido muita coisa. Talvez isso não tenha ajudado. Mas também te "esqueceste" de me mencionar determinados factos. E tinhas o cuidado especial de os contar naqueles momentos perfeitos, em que poderiam causar mais impacto. Existem muitos motivos, muitas razões. O que te digo é "vai e vive a tua vida". Não fizemos bem nenhum um ao outro. Já foste, já a vives. Já segues o "teu" caminho. Deixaste de me falar porque segui o meu. Podia ter sido bonito. Mas não o foi. Assim seja.
Adeus. Se és feliz, um dia também o serei. "Um brinde. À tua felicidade e à minha!"
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