domingo, junho 26, 2005
-R.a.i.v.a-
Não vês a Agonia a escorrer nas paredes
As portas não páram de ranger
É como um corte que entra no tímpano
Não aguento o barulho de dentro
Já não estou Só!
Já não estou só eu a ouvir...
Já anda nas ruas!
Já comentam por aí!
Qualquer coisa não está bem...
Fala-se demasiado A-L-T-O para quem está tão .l.o.n.g.e...
Fala-se demasiado A-L-T-O para quem está tão .l.o.n.g.e...
Mas não tinha que haver PeDrAdA alguém levou por arr---astooooo.
Mas não tinha que haver PeDrAdA alguém levou por arr---astooooo.
A !LUZ! continua presa ao tecto
Por mais que se tente tirar
Está alta de mais
Ou _e_n_c_a_n_d_e_i_a_ os olhos
Ou QueimA quando se toca
Parece que sabe queimar
Parece que não tenho janelas
Não entra ar aqui
Não entra AR aqui
Tira a mão quente dos olhos
Tira o frio da frente
Já tenho tão pouca gente para me encontrar
Desata-me os olhos, desata-me a cara
~desata~ o teu corpo dentro do meu
Tira-me a Vo
Que não está a querer ^desistir ^
De pisar os membros no chão
De arrancar os braços no tecto
Tira-me de mim, vá !!!!¨T¨I¨R¨A¨-¨M¨E¨ D¨E¨ M¨I¨M¨!!!!
Transforma o fraco em coisa forte porque tudo se renova...!
Transforma o fraco em coisa forte porque tudo se renova...!
Transforma o fraco em coisa forte porque tudo se renova...!
Transforma o fraco em coisa forte porque tudo se renova...!
segunda-feira, junho 20, 2005
Jardim...?
Cerca de grandes muros quem te sonhas.
Depois, onde é visível o jardim
Através do portão de grade dada,
Põe quantas flores são as mais risonhas,
Para que te conheçam só assim.
Onde ninguém o vir não ponhas nada.
Faze canteiros como os que outros têm,
Onde os olhares possam entrever
O teu jardim como lho vais mostrar.
Mas onde és teu, e nunca o vê ninguém,
Deixa as flores que vêm do chão crescer
E deixa as ervas naturais medrar.
Faze de ti um duplo ser guardado;
E que ninguém, que veja e fite, possa
Saber mais que um jardim de quem tu és
Um jardim ostensivo e reservado,
Por trás do qual a flor nativa roça
A erva tão pobre que nem tu a vês...
sexta-feira, junho 17, 2005
Uma merda qualquer.
Foi naquele dia, lembras-te? Olhámos um para o outro e sorrimos. Por cima das nossas cabeças, uma tempestade de estrelas que deslizavam em todas as direcções. Tudo à nossa volta se desvaneceu naquele momento, enquanto eramos arrastados pela magnitude do olhar. Levantamos os pés da terra e voamos a noite toda, cavalgando nas estrelas, deslizando nas nuvens, dançando na lua. Sorríamos, a noite era nossa. Os medos desapareceram por detrás das constelações, recolhidos na escuridão que nos rodeava mas que nós ignoravamos pois a luz naquele momento eramos nós. Enfrentamos os asteróides de cabeça erguida e olhar decidido, ao som da música dos cometas. Das nossas costas nasceram umas asas, brancas e leves como as dos verdadeiros anjos, o que nos deu força para voarmos mais alto, sorrindo por estarmos no topo do mundo. E prometeste que nunca mais voltaríamos para baixo. Juntos, seríamos um e nada nos iria cortar as asas. E eu acreditei em ti. Fizemos promessas e juramentos perante as estrelas e Deus, com os anjos a nosso lado, abençoando a nossa união. Naquele dia soaram trompetes, houve uma chuva de luz, com leves plumas a esvoaçar em volta do meu rosto. Seguraste-me nos teus braços e ergueste-me bem alto e, apesar do meu sorriso maravilhado, fizeste-me olhar para baixo. Porque me colocaste num pedastal onde eu não pertencia e de onde conseguia ver a distância que nos separava da terra. Ao longe, vi os nossos medos espreitarem por detrás das constelações, esperando o momento certo para nos voltarem a atormentar. Vi os asteróides nas nossas costas, prontos para nos atacarem mal olhassemos para trás. Vi a terra, vi a solidão, as lágrimas, as facas, o sangue, as cruzes, o negro. O meu sorriso desvaneceu-se naquele momento e as minhas asas começaram a transformar-se. Olhei para ti, como se o nosso mundo estivesse prestes a desabar e tu voltaste a pousar-me no chão, com um ar confuso. Observavas as minhas mudanças sem as perceber, as minhas asas passarem de branco a cinzento e depois a negro como a escuridão da noite, os meus olhos a perderem o brilho, marcas negras de lágrimas que deslizavam pela minha face. Tentaste erguer-me de novo, mas as asas já eram demasiados pesadas e não as conseguia abrir sequer. Voaste à minha volta, a tentar ajudar-me, dizendo-me como fazer, incentivando-me. Mas encolhi-me e observei-te, enquanto chorava silenciosamente. Puxaste-me, abanaste-me, gritaste comigo, mas eu permanecia calada, com aquela dor incompreensível nos olhos. Até que chegou o momento. O momento de saltar. De cair. Viste-me aproximar-me do precipício que nos separava da terra e nada puseste fazer. Dos teus olhos, brotavam lágrimas que deixavam uma marca negra na tua face. As tuas asas tornaram-se negras e pesadas, o teu olhar era negro, mas repleto de ódio. E viste-me saltar e não fizeste nada. Enquanto caía, senti-me a ser sugada pelos terríveis asteróides, vi os medos correrem na minha direcção, vi-te atirares-te também, de lá de cima, não na minha direcção, mas de volta ao mundo negro chamado terra. Os anjos choravam a nossa desgraça, as estrelas desapareceram no céu, a lua virou-nos as costas. O pânico invadiu-me e, quando finalmente aterramos na terra, com as estrelas sobre as nossas cabeças, olhamos um para o outro e não sorrimos. Um vazio, aquele vazio, tinha-se apoderado de nós. Viraste a cabeça, ignorando-me e continuaste o teu caminho, com o par de asas que te dei, negras como todo o teu ser. Eu olhei o céu, as estrelas, a lua e chorei. Esperei por ti, por outra noite daquelas, mas tu nunca mais apareceste. E eu morri.
Toranja - Quebramos os Dois
Era eu a convencer-te que gostas de mim
Tu a convenceres-te que não é bem assim
Era eu a mostrar-te o meu lado mais puro
Tu a argumentares os teus inevitáveis
Eras tu a dançares em pleno dia
E eu encostado como quem não via
Eras tu a falar pra esconder a saudade
E eu a esconder-me do que não se dizia
Afinal quebramos os dois
Afinal quebramos os dois
Desviando os olhos por sentir a verdade
Choravas a certeza da mentira
Mas sem queimar demais
Sem querer extinguir o que já sabia
Eu fugia do toque como do cheiro
Por saber que era o fim da roupa vestida
Que inventara no meio do escuro onde estava
Por ver o desespero na cor que trazias
Afinal quebramos os dois
Afinal quebramos os dois
Afinal quebramos os dois
Afinal quebramos os dois
Era eu a despir-te do que era pequeno
Tu a puxares-me pra um lado mais perto
Onde se contam histórias que nos atam
Ao silêncio dos lábios que nos matam
Eras tu a ficar por não saberes partir
E eu a rezar para que desaparecesses
Era eu a rezar para que ficasses
Tu a ficares enquanto saías
Não nos tocamos enquanto saías
Não nos tocamos enquanto saímos
Não nos tocamos e vamos fugindo
Porque quebramos como crianças
Afinal...
Quebramos os dois
Afinal quebramos os dois
Afinal quebramos os dois
É quase pecado o que se deixa
Quase pecado o que se ignora
terça-feira, junho 14, 2005
But I’m gonna get you into the light
Sad eyes
You’re so young
But I’m gonna get you into the light
Sad eyes
Took a lot of tears but all you had to find was
And I’m gonna get you into the light
Sad eyes
Sad eyes (Took a lot of tears but all)
segunda-feira, junho 13, 2005
Tira-me a vida cada corpo que passa
O teu vazio pesa-me
Sou eu a dar meio
domingo, junho 12, 2005
Devaneios... (tarde demais?)
sábado, junho 11, 2005
Amor
The Juliana Theory - Goodnight Starlight
Close your eyes.
You're beautiful when you're sleeping.
Tonight may all your dreams come true.
It's so nice to hold you while you're sleeping,
When I'm sleeping next to you.
And what we've got is something special,
And what we are is a perfect match.
And 3000 miles could never come between us,
No matter what we do, it's always you and me and you and
It's always me and you.
I know sometimes it's lonely while you're sleeping.
Well, it's lonely for me too.
It's alright.
Just know that while I'm sleeping,
That I'm dreaming of you.
And what we've got is something special,
And what we are is a perfect match,
And 3000 miles could never come between us.
We always have the stars to wish upon from where I'm at,
And where you are.
Good night.
Good night.
Good night.
quinta-feira, junho 09, 2005
terça-feira, junho 07, 2005
Recomeço a partir de muito pouco,
nesta praia onde a areia, húmida e
sombria, erguida do sono,
se esvai por entre os meus dedos perdidos.
Recomeço a partir de uma única palavra,
de um ínfimo sinal que vi gravado nos
muros da tua cidade em ruínas.
Aí, nessa cal desaparecida,
vi, um dia, um pássaro imóvel, quase vivo,
com os olhos trespassados pelas agulhas do tempo,
inclinar-se e cair sobre as pedras mudas,
e esse pássaro eras tu,
ferida de morte,
afastando as lágrimas em vão.
Os nossos sonhos dissolvem-se lentamente onde os esquecemos...
fingir que está tudo bem: o corpo rasgado e vestido
com roupa passada a ferro, rastos de chamas dentro
do corpo, gritos desesperados sob as conversas: fingir
que está tudo bem: olhas-me e só tu sabes: na rua onde
os nossos olhares se encontram é noite: as pessoas
não imaginam: são tão ridículas as pessoas, tão
desprezíveis: as pessoas falam e não imaginam: nós
olhamo-nos: fingir que está tudo bem: o sangue a ferver
sob a pele igual aos dias antes de tudo, tempestades de
medo nos lábios a sorrir: será que vou morrer?, pergunto
dentro de mim: será que vou morrer?, olhas-me e só tu sabes:
ferros em brasa, fogo, silêncio e chuva que não se pode dizer:
amor e morte: fingir que está tudo bem: ter de sorrir: um
oceano que nos queima, um incêndio que nos afoga.
todo o amor do mundo não foi suficiente porque o amor não serve de nada. ficaram só
os papéis e a tristeza, ficou só a amargura e a cinza dos cigarros e da morte.
os domingos e as noites que passámos a fazer planos não foram suficientes e foram
demasiados porque hoje são como sangue no teu rosto, são como lágrimas.
sei que nos amámos muito e um dia, quando já não te encontrar em cada instante, em cada hora,
não irei negar isso. não irei negar nunca que te amei. nem mesmo quando estiver deitado,
nu, sobre os lençóis de outra e ela me obrigar a dizer que a amo antes de a foder.
José Luís Peixoto - Lunar
E lembro-me de ti como uma faca, uma faca profunda, a lâmina infinita de uma faca espetada infinitamente em mim. Não passou muito tempo desde que a manhã nasceu. Passou muito tempo desde que me deixaste sozinho entre as sombras que se confundiam com a noite. Noutras noites, olhámos para a lua. Nesta noite, não olhámos para a lua. Noutras noites, olhámos para a lua e enchemo-nos de desejos. Nesta noite, não olhámos para a lua e sofremos. Noutras noites, olhámos para a lua e não sabíamos o que era sofrer. Escuridão e esperança. Na lua, víamos mais do que o reflexo daquilo que queríamos inventar: os nossos sonhos. Víamos um futuro que era maior do que os nossos sonhos e que nos envolvia e que nos puxava para dentro de si. Não sabíamos que nos esperava algo muito maior do que aquilo com que podíamos sonhar. Estavamos enganados. Aqui, sobre estas pedras que brilham, sob estas lágrimas no meu rosto, sei que nos enganamos e sei a lâmina infinita de uma faca.
segunda-feira, junho 06, 2005
domingo, junho 05, 2005
Devaneios de uma idiota chapada.
sábado, junho 04, 2005
Um ano...
Era verão em Junho e foi há tanto tempo...
Voei naquele sonho onde recordei um deus não cruel, como quem sente que o passado se está a transformar como que por um encanto inadiável.
O sonho voou por dentro de nós, por dentro do tempo há muito... e sentiu no nosso sono a estranha certeza que ali até ele e as suas mágicas porções contidas num "retrato" que guardamos, muito pouco podem fazer.
sexta-feira, junho 03, 2005
José Agostinho Baptista - Marta
Também tu já viajas
no coche negro com flores de ouro.
À altura dos teus olhos fechados,
a tampa de mogno não deixa passar a
ínfima luz dos candelabros.
Nada se ouve
mas as mãos de Deus vão arrancando,
uma a uma,
as raízes da minha vida, as suas hastes,
as pétalas que envelhecem sobre a mágoa.
Onde estás,
pequeno colibri do sul,
madrinha antiga da minha solidão?
Nada se vê
mas parece que pousas nos ramos da
cerejeira,
parece que me chamas, como outrora,
quando o fumo saía das chaminés,
parece que me dizes para esquecer os
navios.
Fiquei prisioneiro de ti e de todos,
e agora,
o meu sangue arrefece,
e já não vejo as horas num relógio de
luto.
Abril é o mais cruel dos meses,
li um dia,
quando ainda procurava as rosas no
coração da beleza.
Mas é demasiado tarde e tenho medo.
Digo-te simplesmente adeus,
e chove.